Na Arrábida
Tenham cuidado com os javalis e não descurem as miras
lazer
Já lá vão
uns três anos quando andando a colher elementos e a fazer entrevistas pela
serra com vista à escrita do livro Arrábida Desconhecida, parei em Casais da Serra para almoçar. Ali, veio então à conversa o assunto dos
javalis.
Soube então
que aqueles animais se estavam a multiplicar de forma quase incontrolável por
toda a cordilheira da Arrábida e que naquele mesmo local um deles teria sido
colhido por uma ambulância que por ali circulava à noite.
Também
foram ali contadas aventuras de caçadores furtivos, algumas delas que não achei
grande piada porquanto envolviam armas de fogo, com mira lazer, utilizadas em
caçadas noturnas.
Segundo foi
então relatado um desses caçadores teria sido surpreendido e advertido duramente
por um experiente chefe escoteiro para o grave ilícito que estava a cometer, quando
em determinada noite este viu a luzinha vermelha da mira telescópica brilhar na mochila de um elemento do seu
grupo.
O tempo que
o Parque Natural da Arrábida deixou
passar entre o conhecimento da existência destes animais selvagens e o seu
controle originou numa autêntica praga, ao ponto de já terem sido avistados às
dezenas na zona do Portinho e um pouco por todo o lado, desde as pedreiras de
Sesimbra até à própria cidade de Setúbal, onde já se passearam pela Avenida
Luísa Todi e pela Doca dos Pescadores.
Na passada
segunda-feira dia 2 deste mês de fevereiro de 2015 finalmente algo de concreto
aconteceu e as autoridades organizaram uma batida aos animais. Juntaram 4
matilhas de cães e 17 caçadores, cortaram o trânsito entre as 8 e as 13 horas na
Estrada Nacional 379-1 e trataram de dar caça aos animais. Só que… javalis nem
vê-los!
O Instituto
de Conservação da Natureza e Florestas, a Associação Nacional de Produtores e
Proprietários de Caça, o Núcleo de Proteção Ambiental do Comando Territorial de
Setúbal da G.N.R., a Junta de Freguesia de Azeitão e o Clube da Arrábida,
entidades organizadoras, vão agora reunir-se para debater nova estratégia que
eventualmente passará pela colocação de armadilhas.
De facto a
quantidade de animais deverá ser tão grande e a velocidade a que se reproduzem
é tal que ainda que estes caçadores e suas matilhas de cães os não tivessem
descoberto são bem visíveis por toda a serra os terrenos “lavrados” pelos
animais na sua busca por alimento.
É por isso
importante controlar a praga pelos meios que os entendidos técnicos julgarem
por mais convenientes, mas que esses meios sejam seguros para que possamos
continuar a andar de dia ou de noite pela nossa Serra Mãe sem correr o risco de
sermos confundidos com javalis.
Rui Canas
Gaspar
2015-fevereiro-05
www.troineiro.blogspot.com
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