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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Na Arrábida

Tenham cuidado com os javalis e não descurem as miras lazer

Já lá vão uns três anos quando andando a colher elementos e a fazer entrevistas pela serra com vista à escrita do livro Arrábida Desconhecida, parei  em Casais da Serra para almoçar.  Ali, veio então à conversa o assunto dos javalis.

Soube então que aqueles animais se estavam a multiplicar de forma quase incontrolável por toda a cordilheira da Arrábida e que naquele mesmo local um deles teria sido colhido por uma ambulância que por ali circulava à noite.
Também foram ali contadas aventuras de caçadores furtivos, algumas delas que não achei grande piada porquanto envolviam armas de fogo, com mira lazer, utilizadas em caçadas noturnas.

Segundo foi então relatado um desses caçadores teria sido surpreendido e advertido duramente por um experiente chefe escoteiro para o grave ilícito que estava a cometer, quando em determinada noite este viu a luzinha vermelha da mira telescópica  brilhar na mochila de um elemento do seu grupo.

O tempo que o Parque Natural da Arrábida  deixou passar entre o conhecimento da existência destes animais selvagens e o seu controle originou numa autêntica praga, ao ponto de já terem sido avistados às dezenas na zona do Portinho e um pouco por todo o lado, desde as pedreiras de Sesimbra até à própria cidade de Setúbal, onde já se passearam pela Avenida Luísa Todi e pela Doca dos Pescadores.

Na passada segunda-feira dia 2 deste mês de fevereiro de 2015 finalmente algo de concreto aconteceu e as autoridades organizaram uma batida aos animais. Juntaram 4 matilhas de cães e 17 caçadores, cortaram o trânsito entre as 8 e as 13 horas na Estrada Nacional 379-1 e trataram de dar caça aos animais. Só que… javalis nem vê-los!

O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, a Associação Nacional de Produtores e Proprietários de Caça, o Núcleo de Proteção Ambiental do Comando Territorial de Setúbal da G.N.R., a Junta de Freguesia de Azeitão e o Clube da Arrábida, entidades organizadoras, vão agora reunir-se para debater nova estratégia que eventualmente passará pela colocação de armadilhas.

De facto a quantidade de animais deverá ser tão grande e a velocidade a que se reproduzem é tal que ainda que estes caçadores e suas matilhas de cães os não tivessem descoberto são bem visíveis por toda a serra os terrenos “lavrados” pelos animais na sua busca por alimento.

É por isso importante controlar a praga pelos meios que os entendidos técnicos julgarem por mais convenientes, mas que esses meios sejam seguros para que possamos continuar a andar de dia ou de noite pela nossa Serra Mãe sem correr o risco de sermos confundidos com javalis.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-05

www.troineiro.blogspot.com

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