Gaivota sem voar é como
jardim sem flores
O
funcionário do Bowling de Setúbal mostrava-se visivelmente aborrecido e o caso
não era para menos.
Antes
do estabelecimento abrir ao público e poucos minutos depois de ter limpo a
entrada daquele espaço de lazer localizado junto à doca dos pescadores, em
Setúbal, uma das muitas gaivotas que por ali costumam esvoaçar achegou-se mesmo
à entrada envidraçada e foi mesmo ali que defecou.
Depois
de bater as palmas para que a ave se assustasse e voasse para bem longe, o
animal olhou para o homem, virou-lhe o rabinho e deu uns passos, como que a desafia-lo,
tornando-se irritante.
O
funcionário deu uma pequena corrida para
afugentar a ave e esta por sua vez correndo um pouco, porém sem voar lograva
fugir do seu perseguidor.
E
foi quando abriu as asas como que querendo voar que reparei que o pobre animal
não o poderia fazer e por isso mesmo não conseguiria elevar-se até ao topo dos
candeeiros de iluminação onde as gaivotas gostam de pousar, muito menos podia
esvoaçar graciosamente à volta dos barcos de pesca com o seu estridente piar.
Aquele
pobre animal tinha apenas uma asa. Da outra, apenas era visível uma pequena
parte como que se estivesse a crescer uma nova, por isso ele teria de defecar
pelos cantos e alimentar-se do que fosse encontrando junto aos recipientes de
recolha de lixo por ali existentes.
Nunca
tinha observado uma cena tão triste ali pelas bandas da doca, onde me costumo
deliciar com aquelas elegantes aves esvoaçando e alegrando-me com o seu alegre
e estridente pio.
Fiquei
a pensar no que teria sucedido àquela gaivota, se fora alvo de ataque de algum
predador, de malvadez humana, ou fosse lá o que fosse que a teria deixado
naquele estado. É que gaivota sem voar é como jardim sem flores e isso
certamente não alegrará ninguém.
Rui Canas
Gaspar
2015-fevereiro-12
www.troineiro.blogspot.com
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