notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Gaivota sem voar é como jardim sem flores

O funcionário do Bowling de Setúbal mostrava-se visivelmente aborrecido e o caso não era para menos.

Antes do estabelecimento abrir ao público e poucos minutos depois de ter limpo a entrada daquele espaço de lazer localizado junto à doca dos pescadores, em Setúbal, uma das muitas gaivotas que por ali costumam esvoaçar achegou-se mesmo à entrada envidraçada e foi mesmo ali que defecou.

Depois de bater as palmas para que a ave se assustasse e voasse para bem longe, o animal olhou para o homem, virou-lhe o rabinho e deu uns passos, como que a desafia-lo, tornando-se irritante.

O funcionário deu uma pequena corrida  para afugentar a ave e esta por sua vez correndo um pouco, porém sem voar lograva fugir do seu perseguidor.

E foi quando abriu as asas como que querendo voar que reparei que o pobre animal não o poderia fazer e por isso mesmo não conseguiria elevar-se até ao topo dos candeeiros de iluminação onde as gaivotas gostam de pousar, muito menos podia esvoaçar graciosamente à volta dos barcos de pesca com o seu estridente piar.

Aquele pobre animal tinha apenas uma asa. Da outra, apenas era visível uma pequena parte como que se estivesse a crescer uma nova, por isso ele teria de defecar pelos cantos e alimentar-se do que fosse encontrando junto aos recipientes de recolha de lixo por ali existentes.

Nunca tinha observado uma cena tão triste ali pelas bandas da doca, onde me costumo deliciar com aquelas elegantes aves esvoaçando e alegrando-me com o seu alegre e estridente pio.

Fiquei a pensar no que teria sucedido àquela gaivota, se fora alvo de ataque de algum predador, de malvadez humana, ou fosse lá o que fosse que a teria deixado naquele estado. É que gaivota sem voar é como jardim sem flores e isso certamente não alegrará ninguém.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-12

www.troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário