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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Já fui apresentado aos amigos javalis da Arrábida

Até há bem pouco tempo os javalis na Arrábida eram oficialmente dados como extintos. Porém, nos últimos dias têm sido apontados quase como uma praga, originando até que as entidades oficiais organizassem uma batida, com caçadores e matilhas de cães.

E foi precisamente na zona do Creiro, local onde vários destes animais costumam frequentar o restaurante e tomar banhos de sol que a montaria começou. Só que, alguma fuga de informação, daquelas a que já estamos habituados ocorreu e os javalis trataram de tirar um dia de férias, partindo para local incerto.

E aquelas muitas autoridades que faziam parte da organização, mais os caçadores e suas quatro matilhas de cães voltaram para casa e se quiseram comer algum naco de presunto tiveram de o adquirir noutro qualquer lugar que não na Arrábida.

No sábado, 21 deste mês de fevereiro de 2015 decidi levar o farnel e ir almoçar para junto da Estação Arqueológica do Creiro. Pouco depois de estacionar o carro no parque existente no meio da densa vegetação ouço um ruido de mato a ser pisado e um grunhir bem perto pelo que preparei a máquina fotográfica adivinhando quem me vinha dar as boas-vindas.

Eram quatro, mas como o meu pequeno companheiro tivesse feito mais ruido do que devia dois deles fugiram disparados que nem flechas atravessando a via sem olhar para a direita ou para a esquerda, enquanto os outros dois voltavam à segurança da mata.

Já tinha estado a observar os rastos pelas redondezas, dado tratar-se de animais que se alimentam de raízes, frutas, insetos, pequenos animais, ervas e tubérculos, daí que o solo se apresente remexido, como se tivesse sido lavrado.

É claro que naquela zona, eles poderão ser um excelente auxiliar dos arqueólogos, porquanto levantam pedaços de peças de argila um pouco por todo o lado.

Tínhamos acabado de comer e metido no saco todos os nossos restos e mais alguma coisa que alguém distraído por lá tinha deixado, quando ouvimos o restolhar no mato deixando antever que tínhamos visitas. De facto eram eles, os quatro que chegavam.

Fiquei parado e disse ao meu pequeno companheiro para não se mexer e ficar junto à grossa árvore, de forma a podermos refugiarmo-nos ali caso fosse necessário. Mas, como o respeitinho é muito bonito, aquele que parecia ser o chefe, parou a meia dúzia de metros, olhou-me fixamente durante algum tempo e eu fiz o mesmo com ele e, pouco depois, passadas as apresentações  lá se foram embora, sem que antes eu tivesse registado o momento para a posteridade.

Este foi o meu primeiro encontro com os javalis da Arrábida, os porcos selvagens, porém respeitadores do espaço que cabe a cada um.

A mesma sorte não tiveram aquelas duas moças que chegaram ao local e estacionaram o seu smart no mesmo parque enquanto desciam à praia para tomar uma bebida no restaurante. É que, passados poucos minutos, quando retornaram verificaram que o pequeno veículo tinha sido assaltado e desaparecido a sua mala de viagem.

Afinal, parece que mais perigoso que os porcos selvagens, a quem fui apresentado neste dia, são aqueles  outros que também andam pela serra e que não tendo quatro patas, se nos descuidamos nos prejudicam mais e estragam o dia que poderia ser de felicidade e alegria.

Rui Canas Gaspar
2015-fevereiro-22

www.troineiro.blogspot.com

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