notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Memórias da Feira de Santiago
AS RIFAS

A mais antiga recordação que guardo da Feira de Santiago é aquela que se prende com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, feita em barro e pintada de branco que trouxe para casa sem ter despendido qualquer verba.

Deveria ter uns oito ou nove aninhos quando ao final da tarde desci da Rua das Oliveiras, onde morava, e vim até à feira.

Fascinava-me sempre, até porque não tinha dinheiro para aquele luxo, as barracas onde se tentava a sorte, e, ao puxar um cordel saía, ou não, um daqueles vistosos prémios que se encontrava exposto.

Naquele dia um homem estava a tentar a sua sorte num desses espaços, sem que fosse bafejado pela sorte. 

Aproximei-me e disse-lhe: - Agora vai sair-lhe um prémio!

O homem olhou para mim, deve ter achado piada e respondeu que se tal acontecesse me daria o que lhe saísse.

A feirante entregou-lhe o molhe de cordéis e o homem puxou um deles, aquele precisamente correspondente à imagem que me viria a entregar e que orgulhosamente levei da Feira de Santiago para o meu Bairro de Troino.

Os anos passaram, já casado, não deixei de ir todos os anos até à Avenida Luísa Todi, passear na Feira de Santiago e, vamos lá nós saber porquê, a minha atração pelos tais stands da sorte pelos vistos manteve-se.

Agora, mais modernizadas as tais barraquinhas já tinham uma roda de bicicleta com uma patilha que depois de várias voltas parava num determinado número, precisamente aquele que eu tinha adquirido.

E, foi desta forma, que trouxe o primeiro triciclo para o meu filho, a arca frigorífica de piquenique, a tábua de passar a ferro, o grelhador elétrico e uma quantidade de artigos variados, até que perdi o interesse pela barraquinha quando verifiquei que o que lá tinha para sortear já não me interessava.

Todos os anos esta minha atração pela barraca da sorte e a atração dos prémios pela minha pessoa era motivo de risota, com a minha família e um casal amigo. 

Mas, não se pense que ficava ali a noite a jogar, apenas comprava uma rifa uma vez por ano e para meu grande prazer raramente não me saía o principal prémio.

Saídos dali íamos comprar uma fartura e depois comíamos saboreando-a com um copo de moscatel da Sivipa, que quase sempre tinha o seu stand na tradicional Feira de Santiago.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-02

www.troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário