Setúbal constrói muralhas
de proteção contra a invasão das águas?
Nos
meus tempos de rapaz, alguns moços setubalenses, em determinadas marés vivas,
sentavam-se na muralha com os pés dentro de água, o que lhes dava particular
prazer e ainda hoje alguns deles recordam esses tempos de meninice.
Os
anos passaram e muita coisa se modificou neste nosso belo planeta azul e hoje
as novas tecnologias mostram-nos as transformações climáticas a acontecer, com
fenómenos extremos nas mais diferentes partes do globo.
Essas
transformações já são também bem visíveis na nossa terra e os meninos que se
sentavam à beira da muralha pondo os pés na água, se o forem fazer no próximo
mês de agosto, altura de maré viva, no mesmo local onde outrora o fizeram, já
não molham os pés mas sim as pernas.
É
que as águas que bordejam a nossa cidade subiram e estão a escassos centímetros
de galgar a muralha, sem qualquer mau tempo. Logicamente se coincidir a maré cheia com
vento forte, ocasionando ondulação, as águas do Sado, misturadas com as do
Atlântico transbordarão e entrarão pela terra dentro.
Alguém,
não sei quem, da Administração do Porto de Setúbal e Sesimbra, sem alarde nem
alarmismo, teve o bom senso de começar a defender a cidade dotando já algumas
partes da beira-rio de bancos de betão que mais não são do que o embrião de uma
segunda muralha defensiva contra a investida do mar.
É
minha convicção que está na altura de dar continuidade ao trabalho de proteção da
nossa cidade continuando a construir os bancos/muralha à beira rio que não
sendo assim um trabalho tão dispendioso poderá evitar graves prejuízos a curto
prazo.
Em
complemento a este trabalho entendo que é urgente que a APSS instale quanto
antes um conjunto de defensas nos diversos cais de atracação de forma a evitar
que um destes dias tenhamos algumas embarcações estacionadas nos parqueamentos construídos
para os automóveis na zona ribeirinha.
Acredito
que temos em Setúbal técnicos competentes, organismos empenhados na resolução
de problemas e a necessária lucidez para compreender a gravidade da situação
que se não for atacada quanto antes, desta ou de outra qualquer forma que se
entenda por mais conveniente, a curto prazo poderemos arrependermo-nos do que
não fizemos.
Este
mês os prejuízos devido ao vendaval que afetou a nossa zona costeira já se
cifraram em largos milhares de euros, na próxima vez poderá ser bem pior.
A
Natureza não dá tréguas e as alterações climáticas já aí estão e só não as vê e
sente quem não estiver para aí virado.
Rui
Canas Gaspar
2016-maio-25
www.troineiro.blogspot.com
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