Provavelmente este foi o
melhor polícia que passou por Setúbal
Foi num dia de inverno que nasceu na Freguesia da Ribeira Seca,
concelho da Ribeira Grande, em São Miguel, nos Açores, quando o calendário
assinalava 2 de Fevereiro de 1926 e, logo trataram de lhe colocar o nome de
Jacinto Medeiros Melo.
A criança cresceria na sua terra natal e, mais tarde, deixava as
brumosas ilhas atlânticas para se vir instalar no solo continental português.
Setúbal, cidade à beira mar plantada, foi a escolhida para viver e foi
precisamente aqui que não só viria a criar e educar as suas duas filhas e o
filho como também viria a exercer de forma exemplar a sua atividade como
sinaleiro ao serviço da Polícia de Segurança Pública, a força de segurança onde
ingressou no início dos anos cinquenta do século XX.
De tal forma desempenhou a sua atividade profissional que ficou na memória
de todos os que, sendo ou não automobilistas, ainda hoje se lembram dele e
comentam a sua ação enquanto agente de trânsito, dado ter-se tratado de um
homem com uma postura profissional e cívica absolutamente exemplar e única.
Acontecia que, quando o senhor Jacinto por vezes já tinha saído de
serviço e se deparava com alguma complicação no tráfego automobilístico
citadino, estivesse ele fardado ou não, logo se dirigia para o centro da via e
com o seu porte impecável e a sua reconhecida competência logo tratava de
resolver a questão da fluidez do trânsito automóvel.
Quando questionado por um jovem escuteiro sobre o motivo porque o fazia,
logo tratou de responder que era por “dever”, porque considerava que um polícia
tinha essa obrigação estando ou não de serviço.
Era um homem que desempenhava a sua atividade profissional por gosto
e, com chuva ou com sol, ele dirigia o trânsito deslocando-se de forma rápida,
com as suas passadas largas e decididas e, os seus inconfundíveis gestos que
faziam os condutores andar ou parar.
Tratava-se de uma atividade por demais perigosa dado que ela se
desenvolvia entre as viaturas que circulavam nas artérias mais movimentadas da
cidade.
Jacinto Melo faleceu em Setúbal, a terra que adorava e onde criou seus
filhos, poucos dias antes de completar 87 anos, quando o calendário marcava 8
de janeiro de 2013. Tinha vindo ao mundo num dia de Inverno e foi nesta mesma
estação do ano propícia ao mau tempo que nos deixou.
Rui Canas Gaspar
2016-maio-31
www.troineiro.blogspot.com
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