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terça-feira, 31 de maio de 2016

Provavelmente este foi o melhor polícia que passou por Setúbal 

Foi num dia de inverno que nasceu na Freguesia da Ribeira Seca, concelho da Ribeira Grande, em São Miguel, nos Açores, quando o calendário assinalava 2 de Fevereiro de 1926 e, logo trataram de lhe colocar o nome de Jacinto Medeiros Melo.

A criança cresceria na sua terra natal e, mais tarde, deixava as brumosas ilhas atlânticas para se vir instalar no solo continental português.

Setúbal, cidade à beira mar plantada, foi a escolhida para viver e foi precisamente aqui que não só viria a criar e educar as suas duas filhas e o filho como também viria a exercer de forma exemplar a sua atividade como sinaleiro ao serviço da Polícia de Segurança Pública, a força de segurança onde ingressou no início dos anos cinquenta do século XX.

De tal forma desempenhou a sua atividade profissional que ficou na memória de todos os que, sendo ou não automobilistas, ainda hoje se lembram dele e comentam a sua ação enquanto agente de trânsito, dado ter-se tratado de um homem com uma postura profissional e cívica absolutamente exemplar e única.

Acontecia que, quando o senhor Jacinto por vezes já tinha saído de serviço e se deparava com alguma complicação no tráfego automobilístico citadino, estivesse ele fardado ou não, logo se dirigia para o centro da via e com o seu porte impecável e a sua reconhecida competência logo tratava de resolver a questão da fluidez do trânsito automóvel.

Quando questionado por um jovem escuteiro sobre o motivo porque o fazia, logo tratou de responder que era por “dever”, porque considerava que um polícia tinha essa obrigação estando ou não de serviço.

Era um homem que desempenhava a sua atividade profissional por gosto e, com chuva ou com sol, ele dirigia o trânsito deslocando-se de forma rápida, com as suas passadas largas e decididas e, os seus inconfundíveis gestos que faziam os condutores andar ou parar.

Tratava-se de uma atividade por demais perigosa dado que ela se desenvolvia entre as viaturas que circulavam nas artérias mais movimentadas da cidade.

Jacinto Melo faleceu em Setúbal, a terra que adorava e onde criou seus filhos, poucos dias antes de completar 87 anos, quando o calendário marcava 8 de janeiro de 2013. Tinha vindo ao mundo num dia de Inverno e foi nesta mesma estação do ano propícia ao mau tempo que nos deixou.

Rui Canas Gaspar
2016-maio-31

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