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sábado, 23 de janeiro de 2016

A moda das passadeiras vermelhas

E já lá dizia o meu saudoso Chefe Joaquim, dedicado setubalense e bem conhecido escuteiro: “Um povo que não canta é um povo triste e um povo triste é um triste povo”. 

Mas, se entretanto deixamos de cantar não perdemos a mania das modas e porque aquela das tranças pretas ainda não voltou outra chegou para ficar, a moda das passadeiras vermelhas.

E como é moda, vamos encontrar essas passadeiras vermelhas rotuladas de ciclovia nos novos arruamentos e até mesmo na zona histórica. Não havendo aí ciclovia não se deixou de colocar uma enorme passadeira vermelha que tanto jeito dá, sobretudo às senhoras e idosos que transitam na Rua Antão Girão.

Somos pessoas importantes, como tal só mesmo de passadeira vermelha! E porque não temos verbas para o FESTROIA onde os artistas da sétima arte costumam usar estes luxos não quer dizer que nós os outros artistas da sétima idade não tenhamos direito a tal.

Provavelmente pensarão aqueles que me estão a ler que sou contra o uso das bicicletas. Mas não, nada disso, até sou a favor que os nossos meninos e meninas aprendam desde cedo e possam ir desde crianças até serem estudantes universitários para os seus estabelecimentos escolares nesses meios de transporte.

Também sou a favor de que possam haver bicicletas ao dispor da população como existem os carrinhos do supermercado, um investimento no ambiente e na saúde daqueles que ainda não chegaram ao inverno da vida, sem terem esses saudáveis hábitos.

Só que nem uma coisa, nem outra, nem ciclistas, a não ser os de fim-de-semana, nem bicicletas à disposição e muito provavelmente nem pernas capazes para pedalar.

A nossa população está cada vez mais envelhecida e a tendência é para aumentar. Cada vez tem menos mobilidade e para se deslocar, porque não há transportes públicos em quantidade e qualidade, é forçada a usar o automóvel, pelo que não vale a pena os iluminados insistirem em roubar espaço aos carros para o atribuir a coisa nenhuma, porque ainda não nasceram os ciclistas que irão justificar a utilização da passadeira vermelha da Alexandre Herculano e de tantas outras que por aí se construíram.

Ao ser anunciado o “repirfelamento” da Independência das Colónias, temo que não venha a caminho mais outro disparate. De concreto o que se sabe é que vai existir uma rotunda a norte e essa é bem-vinda para a fluidez e segurança do trânsito, quanto ao resto é mais uma incógnita a que os serviços de trânsito setubalense já nos habituaram.

Mas enquanto as obras chegam e não chegam vamos lá utilizando as passadeiras vermelhas, onde os pés daqueles que ao longo de uma vida de trabalho melhor se podem arrastar e onde os sapatos da salto alto das senhoras não ficam presos nas pedrinhas de calçada.

E assim lá vamos cantando e rindo (nada de confusão com o titulo do hino da extinta Mocidade Portuguesa) não a moda das tranças pretas mas a moda das passadeiras vermelhas.

Rui Canas Gaspar
2016-janeiro-23

www.troineiro.blogspot.com  

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