A moda das passadeiras
vermelhas
E
já lá dizia o meu saudoso Chefe Joaquim, dedicado setubalense e bem conhecido
escuteiro: “Um povo que não canta é um povo triste e um povo triste é um triste
povo”.
Mas, se entretanto deixamos de cantar não perdemos a mania das modas e
porque aquela das tranças pretas ainda não voltou outra chegou para ficar, a
moda das passadeiras vermelhas.
E
como é moda, vamos encontrar essas passadeiras vermelhas rotuladas de ciclovia
nos novos arruamentos e até mesmo na zona histórica. Não havendo aí ciclovia
não se deixou de colocar uma enorme passadeira vermelha que tanto jeito dá,
sobretudo às senhoras e idosos que transitam na Rua Antão Girão.
Somos
pessoas importantes, como tal só mesmo de passadeira vermelha! E porque não
temos verbas para o FESTROIA onde os artistas da sétima arte costumam usar
estes luxos não quer dizer que nós os outros artistas da sétima idade não
tenhamos direito a tal.
Provavelmente
pensarão aqueles que me estão a ler que sou contra o uso das bicicletas. Mas
não, nada disso, até sou a favor que os nossos meninos e meninas aprendam desde
cedo e possam ir desde crianças até serem estudantes universitários para os
seus estabelecimentos escolares nesses meios de transporte.
Também
sou a favor de que possam haver bicicletas ao dispor da população como existem
os carrinhos do supermercado, um investimento no ambiente e na saúde daqueles
que ainda não chegaram ao inverno da vida, sem terem esses saudáveis hábitos.
Só
que nem uma coisa, nem outra, nem ciclistas, a não ser os de fim-de-semana, nem
bicicletas à disposição e muito provavelmente nem pernas capazes para pedalar.
A
nossa população está cada vez mais envelhecida e a tendência é para aumentar.
Cada vez tem menos mobilidade e para se deslocar, porque não há transportes públicos
em quantidade e qualidade, é forçada a usar o automóvel, pelo que não vale a
pena os iluminados insistirem em roubar espaço aos carros para o atribuir a
coisa nenhuma, porque ainda não nasceram os ciclistas que irão justificar a
utilização da passadeira vermelha da Alexandre Herculano e de tantas outras que
por aí se construíram.
Ao
ser anunciado o “repirfelamento” da Independência das Colónias, temo que não venha
a caminho mais outro disparate. De concreto o que se sabe é que vai existir uma
rotunda a norte e essa é bem-vinda para a fluidez e segurança do trânsito,
quanto ao resto é mais uma incógnita a que os serviços de trânsito setubalense
já nos habituaram.
Mas
enquanto as obras chegam e não chegam vamos lá utilizando as passadeiras
vermelhas, onde os pés daqueles que ao longo de uma vida de trabalho melhor se
podem arrastar e onde os sapatos da salto alto das senhoras não ficam presos
nas pedrinhas de calçada.
E
assim lá vamos cantando e rindo (nada de confusão com o titulo do hino da extinta
Mocidade Portuguesa) não a moda das tranças pretas mas a moda das passadeiras
vermelhas.
Rui
Canas Gaspar
2016-janeiro-23
www.troineiro.blogspot.com
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