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terça-feira, 21 de abril de 2015

A louça de barro que já não volta

Certamente que todos nos lembramos do amplo espaço ocupado pelos vendedores de louça de barro, na zona poente da Feira de Santiago, quando a mesma se realizava na Avenida Luísa Todi.

Os mais velhos certamente se lembrarão que esse espaço era até maior e bem mais frequentado nos seus tempos de criança do que nos últimos anos.

Atualmente, com a feira a realizar-se nas Manteigadas o espaço ocupado pelos comerciantes que se dedicam a esses artigos é bem menor.

Mas, será pelo facto da deslocalização do certame para aquela zona da cidade que os comerciantes de louça de barro quase sumiram?

Creio que nada tem a ver uma coisa com a outra.

Quando era rapaz, em Setúbal, os mealheiros e os fogareiros a carvão eram feitos de barro, tachos e panelas também, as bilhas para ir buscar a água à fonte igualmente e por aí fora. Ora com tantos artigos de barro a sua indústria era florescente e bastantes aqueles que comercializavam o produto também.

Com a utilização do alumínio nos artigos domésticos, e a água a ser canalizada para todas as casas naturalmente começou a haver um acentuado decréscimo na indústria de artigos de barro e naturalmente no seu comércio.

Sendo assim, natural seria que muitas pessoas gostassem de ver as louças de barro na sua feira anual. Mas como poucas as adquiriam, logo os comerciantes que tinham elevadas despesas com transporte, taxas, licenças, etc. com vendas diminutas deixaram de ter interesse no negócio.

É claro que isto é transversal a todas as feiras e mercados do nosso país e não é uma questão que tenha a ver particularmente com a Feira de Santiago.

Os tempos são outros, a louça de barro, quer queiramos quer não faz parte do passado e, como tal, algum comerciante que para aí esteja virado é apenas por uma questão de venda de recordações e pouco mais que isso.

A Feira de Santiago desde a sua criação tem evoluído e mudado de espaço ao longo dos anos. Um destes anos deixará também as Manteigadas  para se vir instalar noutra qualquer zona da cidade. Mas, seguramente, que não será no antigo recinto da Avenida Luísa Todi e muito menos com aquele vasto espaço dedicado à louça de barro, uns artigos que estão condenados a ficar na memória daqueles que como eu tiveram a oportunidade de os apreciar e utilizar.

Rui Canas Gaspar
2015-abril-04

www.troineiro.blogspot.com

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