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domingo, 24 de abril de 2016

Até os Fenícios andaram de olho em Setúbal

“Vinda dos confins do Mar Mediterrâneo, das bandas do Líbano e da Palestina, a birreme com a figura de um grande olho pintado na proa, para melhor guiar a embarcação e amedrontar os barcos inimigos, avançava pela costa até entrar tranquilamente no Rio Sado.

O barco era impelido pela brisa que soprava na sua vela quadrangular ou pelo impulso de musculados escravos de pele cor de bronze que, ao som ritmado de um flautista ou tocador de tambor, remavam vigorosa e cadenciadamente.

Os fenícios, depois de terem atravessado as Colunas de Hercules, viraram para norte e navegaram durante algumas horas ao longo da costa rochosa e acidentada. Faziam-no agora por várias milhas da Costa da Galé, com os amplos areais visíveis no seu lado direito, até que contornaram a península e subiram o rio de águas límpidas recebendo as boas vindas dos roazes corvineiros que os acompanhavam e saltavam à frente da sua possante embarcação.

Aqueles comerciantes e navegadores transacionavam os seus produtos exóticos orientais trazendo normalmente a bordo, madeiras nobres, artesanato, tapetes, ovos de avestruz, marfim, vidro e metais de entre outros produtos. Do Sado, para além do estanho, levavam o seu precioso “ouro branco”: o sal! 

Este ponto estratégico era tão importante para o seu comércio que decidiram estabelecer aqui, no século VII ou VI a.C., uma feitoria a que deram o nome de Abul, situada numa zona abrigada da margem direita do Rio Sado, naquela que hoje é conhecida como a Herdade do Monte Novo de Palma.

A feitoria de Abul é o primeiro assentamento conhecido em Portugal.”

Este é um excerto do início do livro: “SETÚBAL – GENTE DO RIO HOMENS DO MAR”

Passados que são mais de dois mil anos sobre a chegada dos navegadores fenícios a terras sadinas, alguns homens do mar desta maravilhosa terra ainda seguem a milenar tradição, pintando um olho na proa das suas embarcações.

Estes antigos navegadores e extraordinários comerciantes vieram até cá para comercializar os seus produtos e daqui levarem o que por cá tínhamos de mais valioso.

Setúbal é uma terra promissora e passados tantos anos ainda tem muito por oferecer e para dar a descobrir àqueles que aqui chegam com o desejo de melhor conhecer as suas coisas e as suas gentes.

Rui Canas Gaspar
2016-abril-24

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