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domingo, 3 de abril de 2016

Finalmente ele vai ver o seu nome numa artéria de Setúbal

Foi graças a ele que bem perto de uma centena de pessoas se livraram de encontrar a morte por afogamento. Porém, nem todos estes salvamentos foram do conhecimento público, mas apenas pouco mais de três dezenas, o que não deixa de ser muita gente.

Uma medalha do Instituto de Socorros a Náufragos atesta o valor deste homem bem conhecido em Setúbal pela sua postura perante a vida e o mundo que considerava demasiado pequeno para a sua estatura.

De porte atlético, podíamos vê-lo montado na sua bicicleta de carreto preso, para poder rolar para a frente ou para trás, com o travão sob o selim, buzina de ar. O guiador alto faziam com que ciclista pedalasse com o tronco direito e fizesse toda a sorte de malabarismos em cima daquela máquina ímpar.

Homem que não era dos sete ofícios, mas sim de uma infinidade deles, levando-o a ser conhecido como um operário especializado em trabalhos não especializados.

Foi de grande valia aos homens do mar pelos seus excelentes dotes de mergulhador e como ator de cinema ao ter de levar uns socos e cair ao Sado.

Quando algum cabo se prendia na hélice dos barcos era a ele que recorriam para resolver o problema. Embora não seja de solução simples, ele resolveu outros problemas bem mais complicados, desde a recuperação de um barco até automóveis caídos ao rio que tratou de trazer à tona.

Foi fabricante de conservas, inventor, soldador de precisão e a sua vida daria certamente um volumoso livro e, porque não, uma excelente telenovela.

A sua oficina/fábrica guarda uma boa parte do seu espólio há algumas dezenas de anos.

Seu filho pretende ali fazer um museu com características de sala de convívio, mas aquele largo, sem nome, em plena cidade de Setúbal, no Bairro Alves da Silva, encontrava-se frequentemente a precisar de uma boa barrela.

Finalmente, e para satisfação de inúmeros setubalenses, aquele espaço já foi alvo de uma limpeza em profundidade e ali irá ser instalado algum equipamento urbano, nomeadamente bancos de jardim e floreiras.

A frente e portão da fábrica oficina já foi pintada pelo filho do homenageado e para um grande muro que lá existe estão em curso diligencias para que um artista possa reproduzir a fotografia de Maurício de Abreu que nos mostra este homem e a sua invulgar bicicleta.

Finalmente, junto à porta da oficina/fábrica uma lápide assinalará o local informando que era ali que este popular setubalense trabalhava.

À entrada do largo sem nome, passará a figurar o nome de FRANCISCO FINURA, um setubalense ímpar a quem a cidade em devido tempo atribuiu a medalha de mérito e agora vai perpetuar a sua memória a partir deste mês de abril de 2016.

Rui Canas Gaspar
2016-abril-03

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