notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

domingo, 31 de julho de 2016

Abençoados homens que estão a construir a nossa cidade

Aquelas calejadas mãos, tão duras como a própria pedra, não param por um momento e, enquanto uma maneja habilmente o pequeno martelo com que esgravata a terra e bate na pequena pedra para a ajeitar devidamente no respetivo lugar, a outra vai segurar a próxima que irá ser colocada.

De cócoras ou de joelho no chão e com o sol abrasador eles não param de manhã à noite. Normalmente trabalham de empreitada e quantos mais metros fizeram mais ganharão e porque se trata de um trabalho desenvolvido ao ar livre têm de aproveitar o tempo não chuvoso, porque quando a chuva vier não podem trabalhar na sua arte e nesse caso nada ganharão.

A equipa de calceteiros que tem estado a trabalhar nas obras de renovação da Avenida Independência das Colónias, em Setúbal despertaram a natural curiosidade no meu neto, quando o levei para ver de perto os trabalhos em curso e poder apreciar a quantidade e diversidade de maquinaria envolvida, desde a fresadora de pavimento, à máquina de espalhar o material betuminoso, ao cilindro, aos camiões de transporte, equipamentos manobrados por especializados operários.

Também uma equipa de eletricistas desenvolvia a sua atividade retirando postes de iluminação e substituindo-os por outros mais adequados ao novo traçado da via.
O menino teve assim oportunidade de apreciar, bem de perto, como se fazem as ruas e avenidas da sua terra e o trabalho que isso dá.

Não é pois de admirar que embora as máquinas lhe tenham despertado mais curiosidade a sua atenção tivesse sido centrada naqueles calceteiros que não paravam de colocar dezenas, ou centenas de milhares de pequenas pedras com área média de 5x5 centímetros.

O rapaz não deixou de ir bem para junto da equipa observar como aqueles profissionais faziam o seu trabalho e perguntou-lhes. – Não se cansam? Um destes homens de mãos duras, mas certamente de coração mole, sorriu para a criança e respondeu. – Sim cansamo-nos muito, à noite quando vamos para a cama dói-nos o corpo todo!

Passados alguns minutos saímos de junto dos calceteiros para ir observar o trabalho das máquinas que estavam a colocar o novo tapete betuminoso na avenida.

Porém, quer para o neto quer para o avô ficou o testemunho daquele habilidoso calceteiro, que mesmo ao domingo continua na sua imparável tarefa, apenas fazendo um curta pausa para almoçar aquilo que trouxe na marmita.

Foi uma pequena trégua que o trabalho lhes deu, acrescido do luxo de o ter feito à sombra de uma abençoada e frondosa árvore desta avenida.

A partir deste fim de semana o menino certamente que passará a ter uma maior admiração e respeito por estes homens que constroem a sua cidade e se vir alguma pedrinha fora do lugar deverá sentir o desejo de logo a colocar no espaço que lhe foi destinado.

Rui Canas Gaspar
2016-julho-31

www.troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário