Fará isto algum sentido?
Manhã
bem cedo e já duas jovens senhoras envergando fato de treino esticam as pernas correndo
ali pela zona do belíssimo Miradouro de S. Sebastião, uma obra fruto da antiga “Comissão
de Iniciativa de Setúbal”.
Alguns
outros moradores do velhinho Bairro de São Domingos vêm até ali, logo pela manhã, para
espreitar a sempre agradável panorâmica do rio azul, Troia, Arrábida e do
natural movimento do porto de Setúbal.
E
porque é início de semana, aquele espaço encontrava-se com um pouco mais de
lixo que o vento tinha para ali empurrado e outro que alguns cidadãos mais
descuidados para isso tinham contribuído.
De
uma porta de rés-do-chão sai um homem com saco de plástico na mão, dirige-se
para o largo empedrado há pouco tempo e começa numa autêntica caça aos dejetos
de cão, enquanto bem alto ia avisando quem ali vai com o animal fazer
semelhante serviço: “Se eu apanho quem faz isto esfrego-lhe na cara”.
“-
Olha Rui, se não fossemos nós isto era uma vergonha, com tantos turistas que
aqui vêm todos os dias, não há cuidado! Repara que o Miradouro está às escuras
e sem luz decorativa desde que foi partido um daqueles focos que colocaram ali
no chão. A limpeza só acontece aqui mesmo no miradouro e um pouco à volta,
porque as mulheres que vêm varrer dizem que não o fazem junto aos dois cafés
porque isso é com os donos.” Desabafa uma antiga moradora do bairro minha velha
conhecida desde os tempos em que por ali andei diariamente nos escuteiros.
-
Mas isso não faz sentido!- respondo-lhe – Aquilo ali é via pública e os
proprietários pagam os seus impostos e taxas camarárias. E que culpa têm eles
que as pessoas, suas clientes ou não, possam conspurcar a rua?...
Enquanto
conversávamos, chegou a carrinha transportando duas cantoneiras de limpeza, com
as respetivas ferramenta de trabalho. As mulheres começaram a varrer o espaço
do miradouro e entretanto eu ausentei-me por uns breves minutos porque
entretanto também chegara o técnico da EDP por quem esperava.
Qual
não foi o meu espanto, quando passado pouco tempo ao regressar ao local, já as
senhoras da limpeza tinham ido embora, o espaço do miradouro estava limpo, mas
o lixo que se encontrava ao lado, na Rua do Forte, frente aos cafés lá estava à
espera que os proprietários dos estabelecimentos o apanhassem.
Fiquei
estupefacto, afinal aquela minha velha amiga tinha mesmo razão!
Fará
isto algum sentido?...
Rui
Canas Gaspar
2015-março-17
www.troineiro.blogspot.com
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