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domingo, 29 de março de 2015

Mais um amplo espaço setubalense em plena recuperação urbanística

A Fábrica Vasco da Gama, em Setúbal era uma das mais modernas unidades fabris e também foi uma das últimas, senão a última a deixar de laborar, por volta de 1995.

Para quem sai da cidade de Setúbal, pela Estrada da Graça, a caminho da Cachofarra, logo a seguir ao bairro das Fontainhas e antes de chegar àquela antiga unidade fabril, deparava-se até ao passado ano de 2004 com um conjunto de edificações onde teriam funcionado as mais diversas fábricas de conserva de peixe.

Com o abandono e deterioração dos edifícios, alguns foram sendo ocupados, nem sempre por pessoas recomendáveis e igualmente nem sempre o local foi utilizado para atividades dignas ou mesmo lícitas.

Por isso mesmo a Câmara Municipal de Setúbal tomou a decisão, depois de acautelar os aspetos legais, de mandar demolir e limpar alguns daqueles enormes espaços.

Para o efeito tratou de fazer uma parceria com o Exercito e, pessoal e potentes máquinas do Regimento de Engenharia trataram de deitar abaixo, retirar entulhos e nivelar o amplo espaço à beira da estrada, até então ocupado pelas degradadas construções.

Agora, neste mês de março, vamos encontrar aquela área a ser de novo alvo de intervenção camarária. Desta feita já numa segunda fase, consolidando os taludes com blocos decorativos, colocando árvores e preparando o terreno para ser ajardinado.

Alguns apontamentos fabris ficarão visíveis, nomeadamente o que resta de fornos e das enormes chaminés, o que não deixa de ser uma mais-valia, não só como atração turística, mas também pedagógica, sobretudo para aqueles que não tiveram oportunidade de viver na época em que as sirenes chamavam as mulheres para o trabalho, porque a sua fábrica tinha “metido peixe”.

Para que este amplo espaço se torne ainda mais agradável estão ali a colocar bancos e papeleiras metálicas, o que, perdoem-se-me a expressão acho absurdo, ou se quiserem um equipamento desfasado no tempo.

É que não me parece que o local seja um espaço de passagem pedonal tão significativo como tudo isso a ponto de serem colocados os ditos bancos e muito menos as papeleiras metálicas. Mais ainda, qual a pressa de colocar esse tipo de equipamento, tão dispendioso, quando a obra ainda se encontra numa fase de retirada de entulhos.

Sem querer ser mauzinho, ou futurista, não acredito que as papeleiras metálicas ali colocadas cheguem ao dia da inauguração, quanto aos bancos, vão até lá e constatem tal como eu hoje o fiz e verificarão que já começaram a ser impunemente grafitados.

Aprovo e aplaudo a obra que vem valorizar mais um espaço degradado da nossa cidade. Mas, mais uma vez parece que quem projeta estas coisas deve viver nalguma redoma de vidro desconhecendo o mundo que o rodeia.

Rui Canas Gaspar
2015-março-29

www.troineiro.blogspot.com

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