Mais um amplo espaço
setubalense em plena recuperação urbanística
A
Fábrica Vasco da Gama, em Setúbal era uma das mais modernas unidades fabris e
também foi uma das últimas, senão a última a deixar de laborar, por volta de
1995.
Para
quem sai da cidade de Setúbal, pela Estrada da Graça, a caminho da Cachofarra,
logo a seguir ao bairro das Fontainhas e antes de chegar àquela antiga unidade
fabril, deparava-se até ao passado ano de 2004 com um conjunto de edificações onde
teriam funcionado as mais diversas fábricas de conserva de peixe.
Com
o abandono e deterioração dos edifícios, alguns foram sendo ocupados, nem
sempre por pessoas recomendáveis e igualmente nem sempre o local foi utilizado
para atividades dignas ou mesmo lícitas.
Por
isso mesmo a Câmara Municipal de Setúbal tomou a decisão, depois de acautelar
os aspetos legais, de mandar demolir e limpar alguns daqueles enormes espaços.
Para
o efeito tratou de fazer uma parceria com o Exercito e, pessoal e potentes máquinas
do Regimento de Engenharia trataram de deitar abaixo, retirar entulhos e
nivelar o amplo espaço à beira da estrada, até então ocupado pelas degradadas
construções.
Agora,
neste mês de março, vamos encontrar aquela área a ser de novo alvo de
intervenção camarária. Desta feita já numa segunda fase, consolidando os
taludes com blocos decorativos, colocando árvores e preparando o terreno para
ser ajardinado.
Alguns
apontamentos fabris ficarão visíveis, nomeadamente o que resta de fornos e das
enormes chaminés, o que não deixa de ser uma mais-valia, não só como atração turística,
mas também pedagógica, sobretudo para aqueles que não tiveram oportunidade de
viver na época em que as sirenes chamavam as mulheres para o trabalho, porque a
sua fábrica tinha “metido peixe”.
Para
que este amplo espaço se torne ainda mais agradável estão ali a colocar bancos
e papeleiras metálicas, o que, perdoem-se-me a expressão acho absurdo, ou se
quiserem um equipamento desfasado no tempo.
É
que não me parece que o local seja um espaço de passagem pedonal tão
significativo como tudo isso a ponto de serem colocados os ditos bancos e muito
menos as papeleiras metálicas. Mais ainda, qual a pressa de colocar esse tipo
de equipamento, tão dispendioso, quando a obra ainda se encontra numa fase de
retirada de entulhos.
Sem
querer ser mauzinho, ou futurista, não acredito que as papeleiras metálicas ali
colocadas cheguem ao dia da inauguração, quanto aos bancos, vão até lá e
constatem tal como eu hoje o fiz e verificarão que já começaram a ser
impunemente grafitados.
Aprovo
e aplaudo a obra que vem valorizar mais um espaço degradado da nossa cidade.
Mas, mais uma vez parece que quem projeta estas coisas deve viver nalguma
redoma de vidro desconhecendo o mundo que o rodeia.
Rui Canas Gaspar
2015-março-29
www.troineiro.blogspot.com
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