notícias, pensamentos, fotografias e comentários de um troineiro

quinta-feira, 26 de março de 2015

Trinta anos passam sobre a inauguração deste monumento

No primeiro dia de outubro de 1985 inaugurava-se em Setúbal a maior escultura que a cidade alguma vez tinha visto.

Trinta toneladas de ferro e chapa de aço davam corpo ao monumento que homenageava o 25 de abril e as nacionalizações, uma obra concebida pelos escultores Virgílio Domingues e António Trindade conjuntamente com o arquiteto Rodrigo Ollero.

Inicialmente pensada para ser colocada numa rotunda que então existia na zona nascente da Avenida Luísa Todi, acabaria por ser exposta na Praça de Portugal, noutra rotunda, num local mais alto da cidade, porquanto se verificara que a estrutura arenosa do solo da antiga Rua da Praia não era a mais adequada para aquele volumoso e pesado monumento.

O trabalho foi executado nos estaleiros navais da Setenave e foram os seus trabalhadores que voluntariamente ofereceram a mão-de-obra necessária à sua execução, ocupando um total de três mil horas.

Não foi fácil transportar as enormes peças metálicas daquele estaleiro até à Praça de Portugal. A meia dúzia de milhas que separam os estaleiros do cais de atracação do Porto de Setúbal foram vencidas graças a um batelão que transportou a pesada estrutura.

Depois, foram as complicações inerentes ao transporte por terra em camiões, sabido que é que algumas das lâminas chegam a atingir os 13 metros e o cubo tem seis metros de largura.

Coube à Autarquia, liderada na altura por Francisco Lobo, proceder à instalação de uma sólida base de betão onde o monumento seria apoiado, um trabalho orçado em cerca de dois mil contos (10.000 euros).

O monumento artístico abstrato é constituído por um cubo pintado de cor azul que significa a solidez e estabilidade das estruturas do Estado, e por um conjunto de lâminas vermelhas que evocam a força e criatividade laboral.

Inicialmente aplaudido por uns e criticado por outros, como é normal em democracia, fosse por razões políticas ou estéticas, o facto é que ao fim de trinta anos, provavelmente seriam poucos os setubalenses que hoje aplaudiriam se aquela peça escultórica fosse dali retirada.

A cidade tem vindo a construir várias rotundas e a dota-las com os mais diversos motivos decorativos, mas, em minha opinião, o que até agora continua no top é sem dúvida este “Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalizações”, devido ao seu elevado sentido estético, goste-se ou não do seu significado político.

Rui Canas Gaspar
2015-março-26

www.troineiro.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário