Trinta anos passam sobre a
inauguração deste monumento
No
primeiro dia de outubro de 1985 inaugurava-se em Setúbal a maior escultura que
a cidade alguma vez tinha visto.
Trinta
toneladas de ferro e chapa de aço davam corpo ao monumento que homenageava o 25
de abril e as nacionalizações, uma obra concebida pelos escultores Virgílio
Domingues e António Trindade conjuntamente com o arquiteto Rodrigo Ollero.
Inicialmente
pensada para ser colocada numa rotunda que então existia na zona nascente da
Avenida Luísa Todi, acabaria por ser exposta na Praça de Portugal, noutra
rotunda, num local mais alto da cidade, porquanto se verificara que a estrutura
arenosa do solo da antiga Rua da Praia não era a mais adequada para aquele
volumoso e pesado monumento.
O
trabalho foi executado nos estaleiros navais da Setenave e foram os seus
trabalhadores que voluntariamente ofereceram a mão-de-obra necessária à sua
execução, ocupando um total de três mil horas.
Não
foi fácil transportar as enormes peças metálicas daquele estaleiro até à Praça
de Portugal. A meia dúzia de milhas que separam os estaleiros do cais de
atracação do Porto de Setúbal foram vencidas graças a um batelão que
transportou a pesada estrutura.
Depois,
foram as complicações inerentes ao transporte por terra em camiões, sabido que
é que algumas das lâminas chegam a atingir os 13 metros e o cubo tem seis
metros de largura.
Coube
à Autarquia, liderada na altura por Francisco Lobo, proceder à instalação de
uma sólida base de betão onde o monumento seria apoiado, um trabalho orçado em
cerca de dois mil contos (10.000 euros).
O
monumento artístico abstrato é constituído por um cubo pintado de cor azul que
significa a solidez e estabilidade das estruturas do Estado, e por um conjunto
de lâminas vermelhas que evocam a força e criatividade laboral.
Inicialmente
aplaudido por uns e criticado por outros, como é normal em democracia, fosse
por razões políticas ou estéticas, o facto é que ao fim de trinta anos, provavelmente
seriam poucos os setubalenses que hoje aplaudiriam se aquela peça escultórica
fosse dali retirada.
A
cidade tem vindo a construir várias rotundas e a dota-las com os mais diversos
motivos decorativos, mas, em minha opinião, o que até agora continua no top é
sem dúvida este “Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalizações”, devido ao seu
elevado sentido estético, goste-se ou não do seu significado político.
Rui
Canas Gaspar
2015-março-26
www.troineiro.blogspot.com
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