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segunda-feira, 26 de maio de 2014

VOTOS EM SETÚBAL
Acessibilidades dificultadas



Não vou comentar aqui os resultados gerais, nacionais ou locais das Eleições Europeias, nem sequer debruçar-me sobre a retumbante  vitória do Dr. Marinho Pinto que escolheu o Partido da Terra para se apresentar a sufrágio.

Não vou aqui falar sobre a pesada derrota da coligação Aliança Portugal, o pacto dos partidos PSD e CDS, que se encontram a governar o país já lá vão três anos com os resultados de todos conhecidos.

Também não vou abordar o facto de ter existido no domingo a maior abstenção de sempre em Portugal, a qual se cifrou na ordem dos 65% e,  entre os emigrantes, foram para cima dos 98% os que não votaram.

Muito menos vou tecer alguma consideração sobre esses portugueses, que estando a residir no estrangeiro, muitos deles em países da União Europeia, ao não votarem entregaram a decisão do seu futuro a terceiros, nomeadamente aos partidos extremistas que defendem a sua expulsão desses mesmos países.

Cada um exerceu livremente o seu arbítrio segundo a sua própria consciência e os resultados estão aí, por toda a Europa. Vão governar aqueles que tiveram mais votos expressos, podendo acontecer que até nem sejam os melhores.

Mas, já lá dizia um grande estadista norte-americano Abraham Lincolm: “ Só tem o direito de criticar aquele que teve a coragem de ajudar a construir”. Ora sendo assim, quem se absteve de ir votar não construiu coisa nenhuma, deixou aos outros que votaram a decisão da escolha e como tal terá de se sujeitar, sem ter autoridade moral para elevar a sua voz.

Mas, como disse, não é sobre este assunto que me quero debruçar mas sim sobre outro bem mais simplista, ou seja, o acesso a algumas mesas de voto em Setúbal.

Estive presente em três espaços; Um onde fui votar e nos outros dois como acompanhante e, curiosamente, há situações que poderiam ser evitadas, como por exemplo, as mesas de voto no Tribunal de Família, onde o acesso ao interior do edifício se faz por escadas exteriores, desprovidas de rampa ou simples corrimão.

Ali assisti a uma senhora que com a ajuda de uma bengala, subiu e desceu a custo, lamentando o facto de não haver um simples corrimão para a ajudar. A questão que se põe é se não haveria na zona outro edifício de acesso direto. Claro que há!

O segundo caso passou-se nos Paços do Concelho onde as urnas foram colocadas no primeiro andar. Uma outra senhora chegou à porta e quando soube que tinha de subir e porque a sua saúde não o permitia, encarou a hipótese de não votar. Alguém lhe disse que ao fundo do corredor havia um elevador de acesso ao primeiro andar e foi graças a esse recurso que conseguiu chegar à sua mesa de voto.

Interrogo-me eu, primeiro andar porquê? Se há espaço no r/c…

Curiosamente também tive oportunidade de reparar que nas três assembleias de voto onde estive apenas e só vi chegaram pessoas de cabelo branco (ou pintado) gente jovem não vislumbrei nem uma, é claro que devem ter ido votar alguns jovens, porque nem todos foram assistir aos concertos em Lisboa, no Parque da Bela Vista, ou a banhos para as belas praias setubalenses.

Se a questão das acessibilidades se pode resolver com alguma facilidade o mesmo não vai ser tão fácil com as mentalidades.  Por isso, e porque eleições parece que está a ser um assunto de velhos, o melhor é os senhores responsáveis por este pelouro começarem a pensar nas acessibilidades para as próximas, porque se os velhotes não puderem subir as escadas “torta vai ela”…

Rui Canas Gaspar

2014-maio-26

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