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quinta-feira, 1 de maio de 2014

A Arrábida é um dos mais belos locais do mundo

Num frio, triste e cinzento dia de inverno a comunicação social aqueceu o nosso coração com a agradável notícia da apresentação da candidatura da Arrábida a Património Mundial Misto da Humanidade, por parte de Portugal, ao Comité Internacional da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

A necessária documentação contendo a pretensão nacional foi oficialmente entregue naquele organismo, sedeado em Paris, na sexta-feira dia 1 de fevereiro de 2013, depois de um exaustivo trabalho desenvolvido ao longo de uma década pelo poder local, que contou com a valiosa colaboração de várias entidades e cientistas de diversos estabelecimentos do ensino superior.

O Dr. Paulo Portas, então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, disse a propósito deste assunto o seguinte: “A candidatura da Arrábida a Património Mundial é justa e de enorme potencial. A Arrábida é uma das “joias da coroa” do património português que poderá ganhar muito com o seu reconhecimento internacional”.

Na primaveril manhã do ano de 2014 quando muitos países do mundo comemoram o Dia do Trabalhador a comunicação social arrefecia o nosso coração com a notícia que dava conta de uma nota informativa divulgada pela AMRS (Associação de Municípios da Região de Setúbal) com o seguinte teor:

"Fomos informados pela Sra. Embaixadora de Portugal na UNESCO, Dra. Ana Martinho, de que o Estado Português irá retirar a Candidatura face aos conteúdos dos relatórios da ICOMOS e do IUCN" - refere uma nota do Gabinete de Imprensa da Associação de Municípios da Região de Setúbal.

"O processo de candidatura da Arrábida a Património Mundial, tal como sempre afirmámos, tem sido um projecto de desenvolvimento regional, de valorização das nossas gentes e terras, do seu património natural e cultural." - é sublinhado.


Estado Português Retira Candidatura da Arrábida a Património Mundial



Construímos este caminho com inúmeras personalidades e instituições da região, com a profunda convicção de que sendo um dossier de candidatura complexo e exigente, na Arrábida coexistem valores naturais e culturais únicos e excepcionais, que merecem ser conhecidos, preservados e divulgados.

No entanto, fomos informados pela Sra. Embaixadora de Portugal na UNESCO, Dra. Ana Martinho, de que o Estado Português irá retirar a Candidatura face aos conteúdos dos relatórios da ICOMOS e do IUCN.

Agradecendo o contributo e empenho de todos os que participaram na Candidatura, reafirmamos a nossa intenção de prosseguir o processo de afirmação e valorização da Arrábida, nomeadamente, através da continuação dos trabalhos em curso, entre eles, os decorrentes dos Protocolos estabelecidos com instituições do ensino superior relativos à definição de roteiros e ao estudo de capacidade de carga da Arrábida; a edição dos estudos técnicos e científicos produzidos; a promoção dos valores naturais e culturais da Arrábida.

Agradecendo, igualmente, o apoio e a disponibilidade sempre demonstrada pela Comissão Nacional da UNESCO ao longo deste processo, estamos, desde já, a procurar todas as possibilidades alternativas para o reconhecimento internacional deste território, convictos de que as populações e os agentes de desenvolvimento permanecerão ao nosso lado neste desígnio regional.

Para o dossier ser retirado é porque o Estado Português, em função dos relatórios apresentados, sentiu que a candidatura teria grandes hipóteses de não ser aprovada pela UNESCO e sendo assim optou por não se sujeitar a uma humilhante reprovação, retirando-a.

O que eu acho estranho, como simples cidadão e não como perito nestas coisas, é como é que se gastam anos e anos com estudos técnicos e largos milhares de euros despendidos para se apresentar ao mais alto nível, uma candidatura deste tipo, sem que a mesma esteja solidamente fundamentada, ao ponto de ser o próprio promotor, o País, a retira-la.

Mais estranho ainda é que depois da candidatura apresentada, o próprio país promotor, Portugal, receba os mais importantes relatórios,  apontando certamente em direção diametralmente oposta às suas pretensões.

Coisa boa não é certamente apurada por aqueles relatórios oriundos do ICOMOS e do IUCN e isso seria interessante ser também divulgado publicamente, é que, na Arrábida a par de toda a indiscutível beleza também há por lá muita coisa menos boa e isso todos nós sabemos, mas pelos vistos, com grande pena nossa, havia alguém que não sabia…

Rui Canas Gaspar

2014-maio-01

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