A “ASTÓRIA” e a “Casa da Mariquinhas”
Há poucas dezenas de anos numa
qualquer noite de domingo podíamos ver a azáfama ali para os lados das docas
dos pescadores e das Fontainhas, com as traineiras, os “gasolinos” e as “enviadas”
a largarem amarras e a fazerem-se ao mar onde iriam pescar a farta e saborosa
sardinha.
Muito desse peixe pescado ao largo
da nossa costa era destinado às fábricas de conservas que laboravam em Setúbal.
A par dessas fábricas outras indústrias
ocupavam muitos setubalenses, nomeadamente no fabrico de caixotes e na confeção
das próprias latas de conserva.
Uma dessas unidades fabris
encontrava-se localizada no topo poente da Avenida Luísa Todi e dedicava-se ao
fabrico de latas e impressão das mesmas. Era a ASTÓRIA que tinha a seu cargo a estampagem
e a litografia.
Hoje, domingo ao início da noite,
pude observar que apenas duas traineiras saiam do nosso porto para ir pescar,
elas são quase tudo o que resta da nossa outrora pujante frota de pesca do cerco.
Também não vale a pena haver mais
barcos deste tipo, dado que também não há peixe para eles pescarem e assim
também acabaram por desaparecer as fábricas para o conservar.
Até o edifício onde funcionou a
outrora dinâmica ASTÓRIA está agora ocupado com outros trabalhadores de uma
indústria bem mais produtiva, a dos impostos.
A despeito da sua volumetria o prédio
foi recuperado interiormente e o seu aspeto exterior é muito agradável, conforme
a imagem documenta, servindo agora como local de trabalho aos trabalhadores do
Ministério das Finanças.
Curiosamente depois de fotografar este
bonito imóvel e pensar neste assunto veio-me à mente o fado cantado pela nossa
Amália Rodrigues, intitulado a Casa da Mariquinhas.
Porque será?...
Rui Canas Gaspar
2015-julho-27
www.troineiro.blogspot.com
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