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sábado, 18 de julho de 2015

O “Salmonete” do Portinho da Arrábida

Setúbal de há alguns anos era um manancial de figuras popularmente conhecidas por este ou aquele pormenor ou estilo de vida.

Muitas destas pessoas já desapareceram mas a sua imagem e alguns momentos vivenciados ainda estão bem presentes na memória daqueles que com eles conviveram.

É o caso do “Salmonete” uma das figuras típicas da nossa terra, um homem que para muitos setubalenses e demais frequentadores do Portinho da Arrábida costumava andar acompanhado por um fiel amigo, não um cão, como é vulgar ver-se por aí, mas sim um ganso.

Este animal defensor da propriedade faz frente a qualquer intruso e pode viver em cativeiro até aos 50 anos. Provavelmente por estas características intrínsecas o animal seguia o próprio dono para todo o lado, convencido de que seria ele mesmo a sua propriedade particular.

E quando o táxi ia buscar o “Salmonete” ao Portinho da Arrábida para o trazer a Setúbal, pois então naturalmente teria de transportar também o seu inseparável amigo.

Não só no Portinho da Arrábida, mas até em Setúbal, cheguei a ver o “Salmonete” passando pela Rua dos Ourives com o ganso ao lado, despertando a natural atenção dos demais transeuntes. Tanto mais que o fiel animal levava preso ao pescoço um pequeno guizo que ia tilintando, com o seu engraçado som, chamando também por isso mesmo a atenção das pessoas que por ali passavam.

Foram muitos os automobilistas que tomaram contacto com o “Salmonete” quando ele era mais novo e desde os anos sessenta arrumava carros no Portinho da Arrábida. Homem fisicamente bem constituído,  usava então um boné de pala, tipo motorista da época, vestido de calção, t’shirt branca e sem nada a proteger os pés.

Esta imagem foi também captada pelo popular fotógrafo setubalense Baptista que a utilizou na coleção de postais temáticos, atribuindo-lhe o nº 50 e identificando como Setúbal – Arrábida O “Salmonete”.

Provavelmente alguém o teria fotografado um dia passeando com o seu fiel amigo a quem chamava de “Benfica”. Eu não consegui encontrar uma imagem de um desses momentos pelo que apresento aqui esta outra, do nosso amigo “Salmonete” para que a sua memória continue a perdurar entre nós, particularmente aqueles mais velhos que se deliciaram com as maravilhas do Portinho da Arrábida de outros tempos.

Rui Canas Gaspar
2015-julho-18

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