"Zé maluco" ou Zé dos gatos"
Em março de 2012, um mês depois de completar os 85 anos de idade faleceria no Hospital de São
Bernardo, em Setúbal, José Maria Tavares, popularmente conhecido entre os mais
antigos setubalenses por “Zé Maluco” e mais recentemente por “Zé dos Gatos”.
Figura
incontornável da sociedade setubalense
teve o seu período áureo na década de sessenta do século passado, pelo
seu modo de vida diferente e irreverente.
A
imagem com que se apresentava publicamente foi tantas vezes alterada que acabou
mesmo por ser alvo de uma exposição fotográfica num dos fotógrafos da baixa
sadina, onde podemos ver o Zé de cabelo rapado ou com vasta cabeleira, de
barbas ou sem elas, com barba metade feita e metade por fazer, eu sei lá, uma
infinidade de bizarras apresentações.
E
naquele célebre carnaval de 1968 que teve por rei outra popular e incontornável
figura setubalense, Francisco Finura e onde eu também desfilei comandando uma
formação romana composta por algumas dezenas de guerreiros, o “Zé Maluco”
também lá ia encerrado numa jaula a par de mais duas outras personagens típicas
da nossa cidade. Uma inofensiva brincadeira aplaudida por uns e criticada por
outros conterrâneos.
Este
homem que sempre viveu um pouco à margem
das regras sociais era um exímio jogador de cartas, a quem tratava por tu, daí
a sua particular queda para as apostas. Mas ele não apostava só que ganharia
num qualquer jogo de cartas, tudo lhe servia para apostar nem que fosse o tempo
que levaria a dar uma volta completa à Praça de Bocage.
Depois
deste período áureo da sua vida José Maria Tavares começou a dedicar-se à
proteção dos gatos, dada a sua particular afeição aos animais. Passou privações
para conseguir alimentar os seus gatos e não admitia que alguém fizesse mal a
um qualquer animal, muito menos aos seus amigos gatos.
Devido
a esta invulgar caraterística, levada a pontos extremos, José Tavares, foi
perdendo a alcunha de “Zé Maluco” e ganhando aquela outra de “Zé dos Gatos”.
Quando
o caixão levando os seus restos mortais saiu da Capela de Nossa Senhora da
Conceição com destino ao Cemitério de Algeruz, o setubalense Luís Filipe Estrela colocou a
bandeira do Município sobre a urna, uma ação de caráter individual de que a
Autarquia Sadina se demarcou invocando desconhecimento do assunto.
Igualmente
foram poucos os seus conterrâneos que o acompanharam à última morada, apenas
meia centena entre tantos e tantos que com ele privaram em vida.
Rui
Canas Gaspar
2015-julho-24
www.troineiro.blogspot.com
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