"MEIRIM" Uma figura que não esqueceremos
Fervoroso
adepto do Futebol Clube os Belenenses era comum vermos o Meirim pelas ruas da
cidade, altamente concentrado no que dizia, como se estivesse a falar ao
microfone de uma qualquer rádio nacional.
Na
Praça do Bocage, junto ao extinto café Brasileira, Meirim gostava de exibir os
seus dotes de toureiro imitando o conhecido Manuel dos Santos com os seus
artísticos e elegantes passos. Porém era ao futebol que mais atenção dedicava.
Normalmente
ia andando calmamente pelas ruas relatando um jogo de futebol e de tal forma se
entusiasmava que eram muitos aqueles que paravam para o escutar enquanto as
suas palavras nos transportavam para um qualquer imaginário jogo em que o Zé
Marria, passava a bola ao JJ e este com um remate certeiro metia mais um belo
golo.
Era
comum ele ir fazer os seus relatos por baixo das janelas do Hotel Esperança
quando a equipa do Vitória Futebol Clube ali se encontrava em estágio.
Certo
dia, na esplanada do Esperança, quando este “repórter” estava a relatar
entusiasticamente um importante jogo entre o Sporting e o Belenenses alguém que
não gostou do ruído, por maldade, ou por brincadeira, despejou lá de cima um
alguidar de água que veio encharcar o pobre relatador.
Meirim
manteve uma calma impressionante perante tão inesperado acontecimento, tratando
de imediato de transmitir aos seus “rádio” ouvintes que naquele preciso momento
tinha começado a chover torrencialmente
no Estádio de Alvalade.
Por
alturas da Volta a Portugal em Bicicleta, o nosso repórter mal acabava qualquer
etapa tratava de transmitir o resumo da mesma, tendo o famoso ciclista Joaquim
Agostinho como figura de destaque.
Em
2012 Luís Filipe Estrela, foi encontrar o “Meirim” no Lar Dr. Paula Borba, e
fotografou-o com um ar agradável a despeito da doença lhe ter levado uma perna
e um leão o braço, quando um dia foi fazer uma festa ao animal que se
encontrava num circo na Praça de Portugal em Setúbal.
Já
a “Meirim” o poeta João Faleiro Paixão dedicou este poema:
“MEIRIM”
Era raro quem passava
E não sorria ao escutar
O “jogo” que estava a “dar”
Que ele tão bem relatava
Belenenses de coração
Quis a sorte que o
coitado
Visse um braço dilacerado
Pelas garras dum leão
No “Esperança” recordo bem
Atingido certeiramente
por um balde de água que
alguém
atirou maldosamente...
“Relatava” que em Belém
Chovia torrencialmente
25/08/1999
João Paixão
PUBLICADO EM 29/9/99
Rui Canas Gaspar
2015-julho-20
www.troineiro.blogspot.com
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